Coincidências

 

Eu não acredito em coincidências, mas que elas existem, existem – E digo isto sem me constranger se me acusarem de estar plagiando Miguel de Cervantes.

Vou contar uma pequena história. Estava eu estudando que razões levam alguns seres humanos a pressentir mudanças sociais e adotar comportamento que num primeiro momento são considerados de vanguarda, mas com o passar dos anos passam a refletir anseios comuns da sociedade. Há alguns exemplos clássicos sobre isso. O movimento hippie dos anos sessenta defendia a integração com a natureza, muitos anos antes da preocupação ecológica fazer parte da agenda política mundial. Artistas de maneira geral têm essa sensibilidade de adiantar-se ao pensamento social generalizado. O movimento modernista nascido em São Paulo é um exemplo claro disso. Há época, foram todos execrados pelas posturas totalmente fora do contexto da sociedade em que viviam. O comportamento daqueles artistas em um primeiro momento, inovou, chocou e eles quebraram tradições e paradigmas, para depois de alguns anos, serem aceitos como absolutamente geniais.

E por que escrevo sobre isso?

É que nos últimos dias, lí um artigo sobre artistas de vanguarda e devido às muitas coincidências que me deparei no texto, tive certeza que uma amiga blogueira é uma dessas pessoas que estabelecem comportamentos de vanguarda. Com seu comportamento arrojado e fora dos padrões normalmente aceitos pela sociedade, esta mocinha tem se revelado com uma dessas pessoas que vieram ao mundo para não se conformar com os fatos pré-estabelecidos e assim criar suas próprias regras e caminhos.

O artigo que lí, dizia mais ou menos isto:

O movimento Dadá ou Dadaísmo foi uma vanguarda moderna iniciada em Zurique, em 1916, no chamado Cabaret Voltaire, por um grupo de escritores e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão e que era liderado por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp.

Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca o non-sense ou falta de sentido que pode ter a linguagem (como na língua de um bebê). Para reforçar esta idéia foi criado o mito de que o nome foi escolhido aleatoriamente, abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo-se um estilete sobre a mesma. Isso foi feito para simbolizar o caráter anti-racional do movimento, claramente contrário à Primeira Guerra Mundial. Em poucos anos, o movimento alcançou, além de Zurique, as cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, Nova York e Paris.

O Dadaísmo é caracterizado pela oposição a qualquer tipo de equilíbrio, pela combinação de pessimismo irônico e ingenuidade radical, pelo ceticismo absoluto e improvisação. Enfatizou o ilógico e o absurdo. Entretanto, apesar da aparente falta de sentido, o movimento protestava contra a loucura da guerra. Assim, sua principal estratégia era mesmo denunciar e escandalizar.

A princípio, o movimento não envolveu uma estética específica, mas talvez as formas principais da expressão dadá tenham sido o poema aleatório e o ready made. Sua tendência extravagante e baseada no acaso serviu de base para o surgimento de inúmeros outros movimentos artísticos do século XX, entre eles o Surrealismo, a Arte Conceitual, a Pop Art e o Expressionismo Abstrato.

Transcrevo abaixo, outro trecho do artigo que me chamou muito a atenção, já que são marcantes as semelhanças entre a arte feita pelos membros do movimento Dadá e o conteúdo do BLOG desta minha amiga:

O movimento Dadá é niilista (não acredita em nada), experimentalista, espontâneo, trabalha com o acaso, fazem montagens de imagem, junção entre diferentes formas de expressão, incorpora sons e imagens do quotidiano nas suas obras.

Mas há, além disso, uma coincidência muito maior, mas que não posso contar aqui. Ele ficará como um segredo entre mim e esta amiga blogueira. Termino apenas dizendo que assim como fizeram os intelectuais Dadás da Europa do começo século XX, esta moça também quer mudar as regras do jogo da sua própria vida: Ela é sem dúvida uma Dadá do século XXI. Apenas coincidência?

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2 Responses to Coincidências

  1. MARIA CÉSAR says:

    Fiquei realmente impressionada! Nunca imaginei q um simples apelido de família, viesse a ter um tal significado representativo daquilo q sempre pensei e busquei em minha vida. Meu marido leu o texto e tbém ficou perplexo diante de tantas "coincidências"! rs
    Agradeço imensamente por teres oferecido no teu espaço, mais uma peça para esse meu grande quebra-cabeça q é o meu próprio EU. Já tinha ouvido diretamente alguém dizer "vc não pertence a esse mundo", ou, "vc está à frente da sua geração". Mas, entender o porquê de pensarem assim, só consegui através do teu post que, além de informativo, foi p/mim um mergulho ao meu interior.
    Obrigada amigo poeta………………
    bjs recheados com "Dadás" – rsrs

  2. Sara says:

    E não é  mesmo?  O ser humano deseja e sempre almejará a liberdade das artes para que possa soltar as amarras também pessoais. Experiências livres de conceitos pré -estabelecidos. Um caos, que poderá parecer desordenado até  na  sua manifestação, mas sabendo-se que a voz precisa de eco para se expandir. Além da espontaneidade,   a coragem de avançar e agir como expressão verdadeira da sua natureza e individualidade humana. Todos sonham, mas poucos o fazem. E muitos nem sequer se questionam.
     
     
    Parabéns pelo texto e suas observações, Maximus!
     
    Beijos!

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